Star Trek

O Universo sempre volta ao equilíbrio


Uma nave gigantesca e desconhecida emerge de uma anomalia e destrói a USS Kelvin, matando, entre outros, o Capitão da nave e o Primeiro-Oficial, George Kirk. Seu filho, James, nasce poucos segundos antes, numa cápsula de fuga. Vinte e cinco anos depois, essa mesma nave ressurge e ataca o planeta Vulcano, lar de Spock, e a Enterprise é a única nave da Federação que sobrevive a um ataque surpresa.

Em outra resenha, eu apontei o símbolo por trás do futuro cada vez mais presente representado pela franquia Jornada nas Estrelas. Também registrei o quanto a série de TV e os filmes da "geração original" são representativos do mundo onde vivíamos entre o final da década de 1960 e o início da de 1990 (A "Nova Geração", que surgiu em 1987, segue na mesma direção, mas isso já é outro aspecto da mesma história).

No momento onde nossa consciência coletiva se encontra na transição entre o antigo (o mundo do medo e do isolamento) para o novo (nossa reintegração cósmica), o que aconteceu com a franquia? Recomeçou. Do zero. A USS Enterprise ganhou uma nova tripulação para singrar o espaço rumo a lugares onde nunca estivemos antes.

Desde sua estreia no cinema, em 2009, revi Star Trek inúmeras vezes, mas nessa última vez me veio, finalmente, o significado da trindade Kirk-Spock-McCoy. Apesar dela não estar tão aparente no filme, pois a ação se concentra em Kirk e Spock, ela foi muito bem explorada na série original e na "primeira fase" da franquia nos cinemas. Kirk é o Id, a impulsividade. Pela fé em que tudo o que faz vai dar certo, ele nem pensa no "Plano B" (a lógica do Ego fica por conta de Spock) ou se contém (esse é o papel do Superego, representado pelo Dr. McCoy). Ele faz o que ele tem que fazer.

O resto da gangue: Checov (E), Kirk, Scotty, McCoy, Sulu e Uhura (D)

Como se não bastassem os três como símbolos do micro (nossa individualidade), há o macro com os oficiais da Enterprise representando, arquetipicamente, toda a humanidade. A Oficial de Comunicações Uhura, além de mulher, representa os negros (Martin Luther King ainda tinha um sonho quando a série estreou, em 1966). O piloto, Sulu, os asiáticos (Pearl Harbor tinha sido bombardeada há menos de 25 anos!) e o Oficial de Navegação, Checov, os soviéticos (no auge da Guerra Fria e na mesma década da Crise dos Misseis em Cuba). O Engenheiro-chefe, Scotty... bem... não sei, rs. Só sei que ele é escocês (seria o símbolo do Antigo Mundo, já que a série foi produzida nos EUA, o "Novo Mundo"?).
Agora eu explico partes do filme para provar o meu ponto sobre o Universo sempre voltar ao equilíbrio. Precisarei revelar o maior segredo contido no roteiro. Se você ainda não viu o filme e não quer estragar a surpresa de descobri-lo por si mesmo(a), pare por aqui.
A gigantesca e desconhecida nave que aparece logo no início do filme veio do futuro. O futuro da série original, com William Shatner, Leonard Nimoy, DeForest Kelley & Cia. e vistos em todos os demais produtos da franquia. Ao voltar ao passado e destruir a USS Kelvin, Nero (o vilão) alterou toda essa linha temporal. Ele não apagou-a, ela ainda existe, em algum lugar e ainda é válida. Só que ele criou outra, completamente nova, a partir daquele ponto.

Nova, sim; original, nem tanto. Apesar dos parâmetros universais terem sido alterados, o Universo sempre conspira para voltar ao equilíbrio. O enredo de Star Trek é sobre a primeira missão da mítica Enterprise. Porém, a tripulação é outra. A maioria dos oficiais da antiga linha temporal são apenas cadetes recém-formados.

De volta ao enredo do filme, Kirk nem estaria nessa missão. Porém, o Universo (sempre ele) colocou o Capitão Pike naquele bar para presenciar aquela briga e o fez reconhecê-lo como filho do seu pai e colega na Academia. Até então um gênio incompreendido e revoltado com a vida, Kirk é desafiado a entrar na Academia da Frota Estelar e a superar o seu pai. No desenrolar do enredo, cada um dos (futuros) oficiais estará estrategicamente colocado para que (re)assumam seus (antigos) postos de comando.

E o Universo retorna seus parâmetros originais. Ligeiramente diferentes, mas iguais ao mesmo tempo.


STAR TREK (EUA, 2009)
Direção: J. J. Abrams
Roteiro: Roberto Orci e Alex Kurtzman
Elenco: Chris Pine (Kirk), Zachary Quinto (Spock), Karl Urban (Dr. McCoy), Zoë Saldaña (Uhura), Simon Pegg (Scott), John Cho (Sulu), Anton Yelchin (Checov)
Traileryoutu.be/w8r-9Y1dxVE
Sítio Oficialstartrek.com
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