Viver pela Alma ou Viver pelo Ego?

Você é o que você pensa? Tem certeza?


Paramahansa Yogananda (1893-1952), é considerado um dos maiores emissários da antiga filosofia védica da Índia para o Ocidente. A Self-Realization Fellowship, fundada por Yogananda e com sede em Los Angeles, é a responsável atual pela divulgação de seus ensinamentos da técnica milenar da Kriya Yoga. Sua vida, seu desenvolvimento espiritual e as lições que deixou para a humanidade estão contidas no livro Autobiografia de um iogue. Abaixo, um pequeno trecho de sua autobiografia que vale a pena ser difundido.

O método superior de viver pela alma liberta o iogue; emergindo da prisão do ego, ele respira o ar profundo da onipresença. A escravidão do viver natural, por contraste, assume um ritmo humilhante. Ajustando a sua vida apenas à ordem evolutiva, o homem não pode exigir da Natureza uma aceleração privilegiada. Embora viva sem cometer erros contra as leis que governam o corpo e a mente, ele ainda precisa do disfarce de um milhão de anos de encarnações para alcançar a emancipação final.

Os métodos telescópicos do iogue, dissociando-o de identificações físicas e mentais em benefício da individualidade da alma, são recomendáveis, portanto, àqueles que se revoltam ante a perspectiva de um milhão de anos. Esse horizonte numérico é ampliado para o homem comum, que não vive em harmonia com a Natureza e, muito menos, com sua própria alma; ao contrário, ele persegue complexidades antinaturais e ofende, em seu corpo e pensamentos, a suave sensatez da Natureza. Para ele, duas vezes um milhão de anos mal bastam para libertá-lo.

O homem vulgar raramente, ou nunca, compreende que seu corpo é um reino, governado no trono do crânio, pelo Imperador Alma, com regentes subsidiários nos seis centros espinhais ou esferas de consciência. Esta teocracia se estende a uma multidão de súditos obedientes -- vinte e sete trilhões de células (dotadas de inteligência segura, apesar de aparentemente automática, com a qual executam todos os deveres corporais, de crescimento, transformação e decomposição) e cinquenta milhões de pensamentos e emoções essenciais, além das variações de fases alternativas na consciência do homem, numa vida média de sessenta anos.

Identificando-se com um ego superficial, acredita o homem que é ele quem pensa, quer, sente, digere alimentos e conserva-se vivo; jamais admitindo pela reflexão (apenas um pouco bastaria) que, em sua vida ordinária, ele não passa de um boneco das ações passadas (carma) e da Natureza ou meio ambiente. Reações intelectuais, sentimentos, humores e hábitos de cada homem são meros efeitos de causas pretéritas, desta ou de uma vida anterior. Entretanto, acima destas influências, paira sublime sua alma régia.

__________
Fonte: Autobiografia de um iogue, de Paramahansa Yogananda,
Self-Realization Fellowship, pp. 266-267.
[ 045 ]

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...