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A palavra "Umbanda" apareceu pela primeira vez no livro
As Religiões do Rio (1904), onde João do Rio desenvolveu um estudo dos
cultos africanos no Rio de Janeiro. Em 1925, é publicado
No Mundo dos Espíritos, uma coletânea de textos de autoria de Antonio Eliezer Leal de
Souza para o jornal "A Noite" sobre as diversas práticas espiritualistas no
Rio de Janeiro, entre elas, a Umbanda, citada apenas em um artigo: O Centro
Espírita Nossa Senhora da Piedade (a tenda umbandista aberta por Zélio Fernandino de Moraes a pedido do Caboclo das 7 Encruzilhadas).
Em 1933, Leal de Souza publica outro livro, novamente, formado por textos escritos originalmente para um jornal, desta vez, o "Diário de
Notícias". Assim,
O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda é considerado o
primeiro livro a ter a Umbanda como objeto de análise em seus 35 capítulos/artigos.
O fascínio do livro consiste no fato de serem as primeiras impressões escritas
sobre a Umbanda. Ao lê-lo, voltamos àquele início de século, às práticas
(então) cotidianas.
Com o objetivo de distinguir a Umbanda de qualquer outro culto ou prática
(falso Espiritismo, baixo Espiritismo, magia negra, feitiçaria, macumba),
Leal de Souza discorre, inicialmente, sobre o Espiritismo (ele chegou a
catalogar 99 subdivisões) até chegar à "Linha Branca da Umbanda e Demanda",
a partir de ensinamentos recebidos diretamente do Caboclo das 7
Encruzilhadas e Pai Antônio, através de Zélio Fernandino de Moraes na Tenda
Espírita Nossa Senhora da Piedade, que ele frequentava como médium.
Sobre as sete linhas da Umbanda (atenção à grafia):
"A linha branca de umbanda e demanda compreende sete linhas: a primeira, de Oxalá; a segunda, de Ogum; a terceira, de Euxoce (Oxóssi); a quarta, de Xangô; a quinta de Nha-San (Iansã); a sexta de Amanjar (Iemanjá); a sétima é a linha de santo, também chamada de linha das almas" (p. 80)
E sobre o futuro da Umbanda (visto na década de 1930):
"Dia virá, certamente ainda distante no tempo, em que não haverá necessidade de recorrer aos meios materiais para alcançar efeitos espirituais, em que o aparecimento de caboclos e pretos velhos nos terreiros das tendas apenas ocorrerá esporadicamente, para não deixar perecer a lembrança destas épocas de duro materialismo e pesado orgulho utilitarista, que tão árdua e penosa tornam a missão dos espíritos incumbidos da assistência aos homens, como trabalhadores da linha branca de umbanda."A linha, então, terá aprimorado a sua organização atual e, dentro dos quadros do espiritismo, será uma instituição de grande fulgor, regrada pela sistematização severa que a de agora esboça, articulando, cada vez mais, o seu plano terreno (...)"Quando, porém, raiará o esplendor dessa aurora? Esperemo-lo, confiantes. Por mais que tarde, há de vir e, para quem se coloca na sua ação espiritual no mundo material, sob o ponto de vista espírita, a lentidão das coisas não gera o desânimo, porque o tempo não tem limite e o espírito é imperecível." (p. 138)
Um livro histórico para entendermos os primórdios das práticas umbandistas (o autor era médium na primeira tenda umbandista e foi doutrinado diretamente pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas). Entretanto, deve ser lido com o devido distanciamento, tendo em mente que Leal de Souza foi um homem de seu tempo.
Caso você tenha caído aqui de paraquedas e não sabe quem foi Zélio Fernandino de Morais e o Caboclo das 7 Encruzilhadas, sugiro a página dedicada aos dois na Wikipedia.
Lido em 11/2019
O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda
Leal de Souza
Ed. do Conhecimento
(2ª Ed., 2008), 144 pgs.
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