O Sublime Peregrino

Os bastidores (e algumas fofocas) da passagem do Cristo Planetário pela Terra.


Hercílio Maes (1913-1993), advogado e contador, foi o primeiro médium a psicografar obras ditadas por Ramatis. Entre 1955 e 1974, foram publicadas 13 obras desta parceria. Universalista e estudioso das mais diversas correntes espiritualistas, foi maçon, rosacruz e teosofista. Através da Radiestesia, assistia centenas de enfermos por semana em um pequeno centro espírita de Curitiba, onde só aceitava pacientes desenganados da medicina.

Por sua vez, Ramatis foi o nome recebido, no Século X, por um espírito que vem encarnando na Terra desde a época da Atlântida (quando conheceu aquele que teria a alcunha de Allan Kardec) e, ao longo de suas encarnações, entrou em contato com várias personalidades registradas em nossos livros de história. Quando era o responsável pela Biblioteca de Alexandria, foi à Palestina se encontrar com o próprio Jesus Cristo. O Sublime Peregrino, publicado originalmente em 1964, é baseado em suas impressões pessoais quando de seu encontro com Jesus e nos registros Akáshicos da história universal.

Na forma de perguntas e respostas, Ramatis cobre a "descida" daquele que encarnaria com o nome de Jesus, o motivo por nascer na Judéia, o processo técnico de sua encarnação, seu contato com os Essênios, a traição de Judas, a realidade dos milagres atribuídos à ele,a condenação à cruz, seu julgamento, as passagens evangélicas que contrariam sua bondade e tolerância e a constituição de seu corpo, se física ou fluídica. Neste meio tempo, há espaço para descrições sobre Maria, José e Jesus como criança. São descrições que vão da cor do olho até o tipo de roupa que vestiam, as relações intra e extra-familiares, o segundo casamento de Maria, os irmãos de Jesus... tem história para contar, viu? Inclusive o fato de que o humano Jesus nasceu de um ato sexual comum, da mesma forma que eu ou você, ou seja, Maria não era virgem.

Jesus de Nazaré já foi um espírito imaturo como nós. A diferença é que ele "começou antes", passou pelo mesmo curso evolutivo no qual todos estamos inseridos, transitou por diversos planetas (muitos deles já extintos) e atingiu o reino angélico.

Sua missão, basicamente, foi acelerar a evolução espiritual da raça humana para, através do exemplo, sem revoluções (como queria, ardentemente, Judas), separar o joio do trigo. 

Para encarnar na Terra, passou por uma "auto-redução vibratória" (a mecânica do processo, em si, não é explicitado, pois é tratado como "indescritível") que durou aproximadamente 1.000 anos.

No Capítulo 5, são diferenciados "Jesus de Nazaré" e o "Cristo Planetário". Sendo este  último a entidade Arcangélica que permaneceu em outro plano dimensional, o primeiro é a entidade angélica que encarnou na Terra para ser o médium do último. Nas palavras de Ramatis:

"Jesus, como dissemos, não é o Cristo, mas a consciência angélica mais capacitada para recepcionar e cumprir a sua vontade em cada plano descendente do reino angélico até a Terra. Em sua missão sublime, Jesus foi a 'janela viva' aberta para o mundo material, recebendo do Cristo as sugestões e inspirações elevadas para atender à salvação das almas, em educação na crosta terráquea. No entanto, Jesus também ascensiona ininterruptamente pela expansão ilimitada de sua Consciência e libertação definitiva das formas dos mundos planetários transitórios" (Capítulo 5; posição 1029; grifo nosso)

Para diferenciar ainda mais as duas entidades, Jesus de Nazaré é um anjo responsável, no plano angélico, pelo "governo" da Terra e o Cristo Planetária é o Logos, o Verbo, o arcanjo responsável pela evolução planetária (cada planeta tem o seu). Moisés, Krishna, Isaías, Zaratrusta, Zoroastro, Buda, Maomé, Confúcio, Fo-Hi, Anfión, Numu e muitos outros instrumentos humanos também foram instrumentos de atuação material (médiuns) do Cristo Planetário. Entre todos, Jesus foi o mais fiel intérprete.

Terminada toda a explicação sideral da "descida" de Jesus, tem início o que eu chamo de fofocas do menino-Jesus, que vão do Capítulo 8 (Maria e sua missão na Terra) ao 14 (Jesus e seus aspectos humanos), e a descrição da formação de seu caráter: como era a vida em Nazaré, seu desenvolvimento filosófico/espiritual, porque nasceu na Judeia e não em Roma, que era o "centro do mundo" na época etc. (Roma era politeísta na época e, por isso, a ideia de um único Deus não seria bem recebida, como de fato, não foi; os judeus, por serem monoteístas, tinham grande oportunidade de aceitar as palavras do Cristo)

Esse miolo é meio chatinho, mas, finalmente, a partir do Capítulo 22 (As pregações e as parábolas de Jesus), "o bicho pega", com a descrição do período de 3 anos das pregações de Jesus, finalizado em razão de sua crucificação.

"Jesus fascinava as multidões em suas pregações formosas e fluentes, pois era criatura sem afetações e não usava de quaisquer artificialismos para ressaltar sua oratória. Jamais se preocupava em impressionar o auditório pela eloquência rebuscada, como é muito comum entre os oradores do mundo profano. A essência espiritual de suas palavras provocava uma alegria suave e consoladora em todos os que o ouviam. (...)
Certas tribos da Judeia e adjacências, com as quais Jesus tivera contato mais assíduo, entendiam-se entre si através do emprego pitoresco de parábolas. (...)
Através da parábola, Jesus fazia resumidas narrativas e oferecia admiráveis lições de moral superior, que eram entendíveis em qualquer época e em qualquer latitude da vida humana. Ele sabia modelar as frases e escoimá-las do trivial, do inócuo e do inexpressivo, transformando a mais singela pétala de flor no centro de um acontecimento de relevante fim espiritual. Nas parábolas, ele punha toda sua tática e inteligência, pois o mais insignificante fenômeno da Natureza transfundia-se na força de um símbolo cósmico.
" (Capitulo 22; posição 3517)

Há uma série de desmistificações acerca dos "milagres", só possíveis porque Jesus tinha uma conexão com outras dimensões e não porque ele tinha "poderes sobrenaturais", e esclarecimentos sobre algumas palavras do evangelho que não condizem com suas pregações de amor ao próximo (a expulsão dos vendilhões do templo, por exemplo: a alma sublime de Jesus nunca teria protagonizado ato tão humano como este). Há inclusive, esclarecimentos sobre diversos ritos incorporados pelo catolicismo.

O relato finaliza com os pormenores do julgamento de Jesus perante Pôncio Pilatos, mas não esclarece um ponto crucial: por que a multidão preferiu libertar Barrabás e condenar Jesus? (esta foi minha principal motivação para encarar a leitura).

"O que Jesus pregava naquela época podia ser encarado realmente como sedicioso, pois, apesar de sua tolerância e pacifismo, ele feria, a fundo, o modo de vida dos homens que dominavam a política, controlavam as finanças ou viviam nababescamente da especulação religiosa sobre o povo tolo. Não havia dúvida quanto ao sentido objetivo da mensagem cristã. O ousado profeta de Nazaré censurava os fartos, os displicentes, os gananciosos, enfim, os vampiros da miserabilidade humana, próprios de todos os tempos." (Capítulo 28; posição 5364)

E como não cai uma folha da árvore sem que Ele saiba:

"No entanto, a cruz no centro estava vazia, porque já se havia cumprido o sacrifício do Salvador. Daquele momento em diante, ela deixava de ser o instrumento de castigo infamante do homem, para se tornar o caminho abençoado da libertação espiritual da humanidade. Jesus, o Messias, havia triunfado sobre as Trevas, nutrindo a Luz do mundo através do combustível sacrificial do seu próprio sangue!"(Capítulo 30; posição 6349)

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O Sublime Peregrino
Ditado por Ramatis, psicografado por Hercílio Maes
Ed. Instituto Hercílio Maes (1ª Edição, 2020)
403p.  (lido em e-book)

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