Iniciação

Relembre!


Nascida em uma família da aristocracia húngara, Elisabeth Haich (1897-1994), ainda criança, já possuía algumas recordações de experiências passadas. Mesmo sem entendê-las, elas foram responsáveis por sua impulsão em questionar vários aspectos de sua vida até o início de seus estudos de Yoga, que a ajudou a compreender suas lembranças. Após o final da Segunda Guerra Mundial e a instauração do regime comunista na Hungria, foi perseguida por suas ideias "contrarrevolucionárias", o que a forçou a deixar o país, em 1948. Estabelecida na Suíça, fundou a mais antiga escola de Yoga da Europa juntamente com seu mestre/discípulo/alma-afim Selvarajan Yesudian.

Iniciação foi escrito a pedido de seus estudantes, em 1953, e conecta sua (então) experiência corpórea, na primeira metade do século XX, com aquela vivenciada como sacerdotisa no Egito de 4.500 a.C. Ao relatar seu desenvolvimento espiritual, Elisabeth mostra intuições sobre os mais variados temas: carma, interconexão entre espíritos vida após vida, geometria sagrada, a concentração visando a meditação, a telepatia e a projeção astral, princípios herméticos, eras astrológicas, a vinda de Jesus Cristo e o futuro da humanidade, a transição entre a 3ª e a 4ª raça terrestre, o real objetivo das pirâmides egípcias e o porquê do conhecimento daquela época estar "perdido".

O livro é estruturado (informalmente) em três partes: (1) sua vida na Hungria e seus questionamentos, da infância (para desespero de sua mãe, *rs) à vida adulta, e suas meditações, que levam sua consciência ao (2) Egito Antigo e seu processo de iniciação na Escola de Mistérios de Ptahhotep, desvendando alguns dos segredos do Universo que poucos humanos tiveram acesso até hoje; que a ajudaram a (3) responder a todas as questões que foram sendo colocadas em seu caminho até o momento onde a perseguição dos comunistas forçou-a a sair da Hungria do pós-Segunda Guerra Mundial.

Elisabeth e Selvarajan, em 1973
Apesar de deixar claro que é uma autobiografia, a primeira parte do livro, que não difere muito dos livros espíritas que são produzidos em escala industrial pela Federação Espírita Brasileira. Lia sem muito entusiasmos até ser capturado quando a narrativa se transfere para o Egito Antigo a ponto de, numa única madrugada, ter devorado cerca de 150 páginas sem descanso até o raiar do sol. Ao ser aprisionado pela história, passei a não mais "imaginar" as cenas. Minha sinergia com a energia de Elisabeth Haich se deu de tal maneira que eu era catapultado para dentro dele. Eu (re)vivia o que a autora viveu como se tivesse sido minha própria vida ao ponto de não duvidar que parte de mim esteve lá.

Como filha do faraó Atothis e sobrinha do sumo-sacerdote Ptahhotep, Elisabeth nos mostra como podemos, através da meditação, ver o futuro ao nosso redor. Não "o futuro" (exato e definitivo), mas um futuro possível, dada as configurações energéticas daquele momento.

O propósito de toda Iniciação no antigo Egito era mostrar aos postulantes que não há morte, apenas mudança consciencial de um estado vibratório ("vida") para outro ("morte"). Muitos ambicionavam iniciarem-se na Escola de Mistério, mas poucos passavam no teste final. O teste final de Elisabeth era ficar por tempo indeterminado dentro do sarcófago de granito que, tempos depois, foi utilizado como depositário da múmia de Queóps na Grande Pirâmide de Gizé. Os que passavam no teste tinham como recompensa o estudo dos grandes mistérios do Universo.

Em sua descrição das Eras Astrológicas, a de Áries seria iniciada por Moisés. A de Peixes, por Jesus Cristo e seria marcada pela expansão da crença monoteísta, iniciada na era anterior. para o resto do mundo até o advento da Era de Aquário, onde a divisão entre ciência e religião terminaria, assim como era no Egito das escolas iniciáticas. Também seria nessa última Era que compreenderíamos como o Universo é repleto de vida.

Todo o conhecimento e a tecnologia daquela época foram perdidos / esquecidos porque os “filhos de Deus” (a elite política do Egito, que eu acredito que sejam uma parte do que chamamos hoje como Mestres Ascensionados) resolveram abandonar os “filhos do Homem” à sua própria sorte, para poderem aprender por si só a se auto-responsabilizarem por seus atos.

Quanto aos demais temas, espero que a curiosidade em desvendá-los o(a) incite a lê-lo.

Iniciação é um livro que transforma. Ao longo de suas páginas, passamos, assim como a autora, por nossa própria Iniciação de autoconhecimento. Começamos a jornada ignorantes como uma criança, para começarmos a questionar o status quo da sociedade. Se formos bem sucedidos, relembraremos quem (e o quê) realmente somos. Não mais ignorantes, todas as questões encontram suas respostas, pois tudo está dentro de nós, basta virarmos o espelho da vida para a direção correta (dica: não é a externa).

É um livro para ser lido com o coração aberto, pois ele abalará as crenças enraizadas do nosso mundo ocidentalizado e a lógica cartesiana do "penso, logo existo". Foi escrito, assim como quase tudo nesse blog, para ressonar (sentir) e não para ser absorvido através do lado esquerdo e lógico do cérebro. O subtítulo engana, pois acompanhamos apenas três "vidas" de Elisabeth: a do início do século XX, a anterior a essa e a do Egito antigo.

Lido originalmente em 2012;
relido em Março/2016.




INICIAÇÃO
A história apaixonante de uma mulher e suas reencarnações, desde a época em que era sacerdotisa no Egito Antigo até os dias de hoje
Elisabeth Haich
Editora Pensamento
1ª Edição (1989)
464 pgs
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