O Livro das Religiões

Um estudo comparado


O Livro das Religiões foi escrito pelos noruegueses Jostein Gaarder, professor de literatura e filosofia (e o mais conhecido pelo público em função do grande sucesso de O Mundo de Sofia, seu livro anterior); Victor Hellern, historiador e teólogo; e Henry Notaker, jornalista especializado em política exterior. A edição brasileira conta com um apêndice escrito por Antônio Flávio Pierucci, cientista social, sobre as religiões no Brasil.

Com o objetivo de ajudar o leitor na compreensão do emaranhado de crenças de cada uma das principais religiões do mundo, a pretensão dos autores é um estudo comparado de diversas doutrinas religiosas, apontando semelhanças e diferenças, a partir das mais intrigantes questões existenciais: Quem sou eu? Como o mundo passou a existir? Que forças governam a história? Deus existe? O que acontece quando morremos?

O texto é simples, direto e imparcial. Há apenas a descrição das filosofias, dos conceitos e dos ritos de cada uma das doutrinas, sem emissão de julgamento sobre nenhum deles. As religiões são divididas em dois grandes grupos, orientais e ocidentais, com as religiões africanas entre ambas. Entre as orientais, temos o hinduísmo, o budismo, o confucionismo, o taoísmo, o xintoísmo e a tenri-kyo. Do lado ocidental, as religiões surgidas no Oriente Médio: judaísmo, islamismo e cristianismo (e suas várias divisões posteriores).

Por ser um livro voltado para o Ocidente, é natural que a maior parte dele recaia sobre o cristianismo, onde há da diferenciação entre o Jesus histórico daquele definido pela fé à análise histórica das primeiras comunidades cristãs, com o surgimento dos dogmas e dos cismas que originaram a Igreja Ortodoxa e o Protestantismo (Luteranos, Metodistas, Batistas, Pentecostais, Adventistas).

Finalizando, há a exposição sobre os movimentos filosóficos e não religiosos, que não condicionam a realidade à existência de um Deus dos séculos XIX (humanismo, materialismo e marxismo) e XX (sincretismo, ateísmo, esoterismo, astrologia e até mesmo a ufologia).

No apêndice da edição brasileira, temos a exposição das matrizes africanas que vieram junto com os escravos (o Candomblé e a Umbanda), o Kardecismo e o fenômeno das igrejas neo-pentecostais.

Dependendo do seu grau de exigência, o resultado final da leitura deste livro pode variar. Entre os pontos positivos, destaco a ausência de julgamento e preferências (todas as doutrinas são igualmente tratadas com o distanciamento histórico a que todo pesquisador deve se sujeitar), a extensa referência conceitual e a linguagem didática. Entre os pontos negativos, aponto a falta de equilíbrio entre as religiões orientais (descritas superficialmente) e ocidentais. Acredito que o livro seria mais proveitoso se o estudo comparado entre as religiões se desse em cada tópico, destacando suas semelhanças e diferenças ao invés de apenas citar cada uma delas separadamente a partir do roteiro pré-definido de temas a serem abordados.

Não o considero um livro essencial para quem busca a espiritualidade, pois ele foi concebido para alimentar o lado esquerdo do cérebro e ser absorvido através da lógica e da comparação. Li pela primeira vez em 2003, quando o dei de presente para minha mãe (acho que ela nunca o leu, rs). Reli em meados de 2012. Não acendeu nenhuma luz e nem ressonou. Recomendo apenas se você tiver curiosidade sobre o tema. Se sua curiosidade for por alguma religião específica, melhor adquirir um livro exclusivo sobre ela, principalmente se for um movimento religioso oriental.

Leitura original: 2003
Releitura: 2012



O Livro das Religiões
Jostein Gaarder; Victor Hellern; Henry Notaker
Cia. das Letras
1ª Edição (2001)
320 pgs.
[ 008 ]

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