O Fator Maia

Existimos para trocar informações e o Sol é o nosso maior aliado


Publicado originalmente em 1987, O Fator Maia é o resultado da busca do autor pela sua "teoria do campo unificado" para explicar o mundo de sua atualidade e traçar um caminho ao 21.12.2012. Batizada como fator maia, defendia que os calendários maias (e são vários, um contido no outro, até o grande ciclo de aproximadamente 25.640 anos, ou 5 x 13 katuns) seriam capazes de explicar tudo.

Como um calendário corresponde a uma medida de tempo, adianto que é preciso muito conhecimento de matemática e facilidade com números para chegar ao fim deste livro. Portanto, não é uma leitura trivial. Baktun, katun, tun, uinal, kin. Esses agrupamentos serão exaustivamente combinados.

Enquanto nós, racionais materialistas, somos ensinados que o tempo é uma sucessão de números (segundos, horas, dias, anos...), os maias acreditam que o que chamamos de tempo é uma função do princípio da ressonância harmônica. Assim, os calendários não reproduzem agrupamentos de dias, mas ciclos harmônicos.

A dinâmica (invisível) por trás da matemática (visível) que confeccionou os diversos calendários maia pode ser (bem) resumido assim: através do Sol, somos banhados pela radiação originada no núcleo da Via Láctea (que é, basicamente, informação) e o caminho de volta é possível, ou seja, podemos nos conectar diretamente com a mente galática; todo esse ciclo varia de forma ritmada (ressonância harmônica) e o agrupamento desses períodos foi feito pelos maia através de seus calendários, que mostram os períodos mais favoráveis para cada atividade. O resumo esquemático desta dinâmica pode ser visto aqui (abrirá em uma nova janela).

José Argüelles (1939 - 2011), também conhecido como Valum Votan ("o sucessor do Grande Pakal Voltan") nasceu no Estado de Minnesota (EUA), e viveu seus primeiros cinco anos de vida na cidade do México, mudando-se para a Califórnia no final da Segunda Guerra. Formado pela Universidade de Chicago, recebeu bacharelado na Arte Liberal e fez mestrado de História da Arte em 1963. Desde muito jovem, foi atraído ao estudo da cultura Maia, mais precisamente de seu calendário sagrado, o Tzolkin.

Após A Sonda de Arcturus (resenha, em breve), fiquei fascinado com José Argüelles e saí à caça de seus livros. Num sebo, olhei para uma prateleira e meu foco foi direto nele, que me ajudou bastante a entender alguns conceitos de A Sonda de Arcturus, porém, enquanto este último ressona no lado direito do cérebro (intuitivo), a extensa matemática utilizada aqui remete apenas ao lado esquerdo (lógico).

Numa passagem, ele afirma"a essência da informação, portanto, não é o seu conteúdo, mas a sua ressonância. Por isso que sentir as coisas é importante. Sentir a ressonância da informação que chega faz criar conjuntamente um campo ressonante". (p. 57)

Infelizmente, não consegui criar nenhum campo ressonante com O Fator Maia. Aparentemente, pode parecer que eu não gostei do livro. Muito pelo contrário! Há trechos que explodiram minha cabeça. Ele foi essencial para que eu pudesse entender alguns conceitos descritos em A Sonda de Arcturus e outros que eu pensei terem sido introduzidos em Os Surfistas do Zuvuya foram vistos pela primeira vez aqui (que eu descobri agora, relendo as passagens riscadas para escrever esta resenha). Ainda há O Tempo e a Tecnosfera, que, um dia, lerei.

"Dois termos maias, Hunab Ku e e Kuxan Suum, são fundamentais para que seja possível uma concepção que sintetize ciência e mito. Hunab Ku, geralmente traduzido como 'doador único do movimento e do ritmo', é o princípio da vida que está além do Sol. (...) é o nome do núcleo galático, não apenas como nome, mas como uma descrição de objetivo e atividade também. Movimento corresponde a energia, o princípio da vida e a consciência que tudo permeia, iminente em todos os fenômenos. Ritmo refere-se ao princípio da cadência, da periodicidade e forma, sendo responsável pelas diferentes qualidades limitantes que a energia assume através de diferentes transformações. Kuxan Suum, literalmente, 'a estrada para o céu que conduz ao cordão umbilical do universo', define os fios ou fibras invisíveis de vida galáctica, que conectam tanto o indivíduo como o planeta, através do Sol, com o núcleo galático.
(...) as fibras, ou Kuxan Suum, definem um caminho ressonante, como um walkie-talkie, fornecendo um canal contínuo de comunicação [através do qual] cada um de nós pode se comunicar com o Sol e [através dele] com o núcleo galático, Hunab Ku." (pp. 54/56).
Se o seu objetivo for um estudo pormenorizado de todos os calendários, você não se decepcionará, pois há descrições exaustivas dos principais. A dica que dou é ler com um lápis e um caderno ao lado, pois você terá que fazer muitas contas.

Lido em Setembro de 2017



O Fator Maia
Um Caminho Além da Tecnologia
José Argüelles
Ed. Cultrix (1995)
231 pgs
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