O SEU UNIVERSO: A Caminho da Luz

Os bastidores espirituais da Terra

Assim como Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (resenha, aqui), no qual o "Irmão X" narra, através de Chico Xavier, os bastidores espirituais do Brasil, em A Caminho da Luz, Emmanuel dá sua contribuição sobre a história do planeta, de forma bem superficial, com um foco muito maior na narrativa histórica e apenas algumas palavras sobre os bastidores espirituais.

No "Antelóquilo" (prefácio), Emmanuel já deixa bem claro: "Não deverá ser este um trabalho histórico. (...) Nossa contribuição será à tese religiosa, elucidando a influência sagrada da fé e o ascendente espiritual, no curso de todas as civilizações terrestres".

Da gênese planetária ao armamento militar da Europa pré-Segunda Guerra Mundial (o livro foi concluído em 1938), não há muito o que especificar. Os temas são tratados de forma muito superficial e sem a menor emoção. Sabe aquele ditado que você lê sem pausa? Tipo isso. Personagens são citados, suas missões são esclarecidas e o juízo de valores (deu certo / deu ruim) é emitido. "Era para ter sido assim, mas não foi", essencialmente.

Há apenas três citações da Atlântida, nenhuma delas desenvolvidas, afinal de contas, o livro deixa bem claro que descreve a história das raças adâmicas, a 5ª raça-mãe, o que exclui os atlantes (4ª) e a Lemúria (local da 3ª raça), que é, igualmente, apenas citada como um ponto geográfico.

Particularmente, gostei sobre o esclarecimento do papel dos capelinos nas grandes civilizações da antiguidade.

"Aqueles seres decaídos e degradados, à maneira de suas vidas passadas no mundo distante da Capela, com o transcurso dos anos, reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram depois nos povos mais antigos, obedecendo às afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na constelação do Cocheiro. Unidos, novamente, na esteira do tempo, formaram desse modo o grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia.

"Dos árias descende a maioria dos povos brancos da família indo-europeia; nessa descendência, porém, é necessário incluir os latinos, os celtas e os gregos, além dos germanos e dos eslavos." (p. 31)

Às margens do Ganges, na Índia, foram alocados os primeiros exilados, que formaram as primeiras organizações societárias. Os Vedas e os Upanishads (os livros sagrados do hinduísmo) receberam influência direta do Cristo (séculos antes dele vir à carne) e são a matriz de todas as filosofias e religiões da humanidade.

Uma parte desses exilados, os árias, eram os mais revoltados com o exílio e pouco afeitos aos mistérios religiosos. Ao invés de se integrarem à sociedade hindu, partiram para, séculos depois, povoarem a Europa.

Os exilados no Egito foram aqueles que mais se lembravam do mundo anterior. As estruturas construídas por eles (pirâmides, templos e a Esfinge) e as Escolas de Mistério refletem isto. Também eram aqueles que tinham menos débitos morais e, por isso, foram os primeiros a irem embora.

Os hebreus se tornaram a raça mais homogênea entre os 4 grupos por se isolarem de todos e apenas reproduzirem entre si. São orgulhosos, inadaptados ao novo mundo e revoltados por terem vindo para a Terra. (dizem por aí que Jesus apareceu na Palestina porque aquele povo era o mais necessitado entre todos os outros exilados, mas isso não está no livro, eu pesquei em algumas palestras).

No mais, é curiosa a menção à Democracia Ateniense como um sistema belíssimo, sem se ater ao fato que ele estava relegado aos homens ricos, o que excluía quase toda a população ateniense, e o fato de que se apostava muito no Império Romano, mas.... deu ruim tanto pelo belicismo (a dominação deveria ter sido cultural) como pela manipulação dos ensinamentos cristãos pela instituição Igreja Católica.

"É então que Jesus determina a transformação do Império organizado e poderoso. Suas águias orgulhosas haviam singrado todos os mares, o Mediterrâneo era propriedade sua, todos os povos se lhe curvavam para a homenagem e para a obediência, mas uma força invisível arrancou-lhe todos os diademas, tirou-lhe as energias e lhe reduziu as glórias a um punhado de cinzas. Até hoje, o espírito que investiga o passado inquire o motivo desses sinistros arrasamentos; mas a verdade é que todos os fundamentos da Terra residem em Jesus Cristo.

"(...) Essas determinações do Cristo, verificadas após o reinado de Constantino, foram seguidas das primeiras grandes invasões" (p. 131)

Se há problemas pelo ritmo da leitura dos escritos de Humberto de Campos (Irmão X) e André Luiz, espere para tentar ler um livro ditado por Emmanuel. Nunca tinha visto a palavra "Antelóquilo" na minha vida!

Lido em 06/2020