Billy/Bruce é um border collie que será o elo de ligação entre as famílias
de Rodrigo (da classe alta) e André e Larisa (vizinhos da classe média do
subúrbio). Através da interação destas três famílias, vários temas morais e
éticos são abordados, além de pinceladas sobre homeopatia, obsessão,
vegetarianismo e animais na erraticidade (que não é o tema principal).
No plano espiritual, temos Moisés, que desencarnou logo no começo da
história, ao ser atropelado correndo atrás de seu cão, que também foi
atropelado; sua mãe, Lucélia, responsável pelos esclarecimentos espíritas;
Germano, administrador de "Nosso Pet" (cidade espiritual para onde são
levadas as consciências dos animais desencarnados, batizada em homenagem a
Nosso Lar) e aquele que trará algumas explicações sobre o processo pelo qual
os animais passam no plano espiritual; e Camélia, obsessora de um dos
personagens encarnados.
Este é o terceiro livro de Mônica de Castro -- após
O Preço de Ser Diferente e Jurema das Matas -- que li e, assim como os outros, a
leitura flui sem sobressaltos. Há trechos tranquilos e há aqueles momentos
nos quais você não consegue parar. Os vilões (Lizandra, Roberta e Camélia)
são pessoas muito más. Muito! No entanto, ao tomarmos consciência de
seus passados, somos desmontados em nossos julgamentos. Como podemos
condenar espíritos e pessoas que passaram pelo que elas passaram? Em
situação igual, você faria diferente? O "mal" não passa de falta de
esclarecimento, ignorância. Moisés está aí para provar. Antes, por
ignorância, praticava o mal. Depois, quando foi tomando consciência dos seus
atos, foi se reinventando e passou a praticar o bem.
Apesar do que pode parecer, o livro aborda apenas lateralmente a questão
animal. O foco é na relação entre os humanos, onde as crianças dão um banho
de ética nos adultos, mas há algumas explicações sobre a mecânica das
consciências dos animais.
"Os animais possuem uma espécie de alma-grupo, para onde retornam após desencarnar, carregando com eles as experiências que adquiriram em sua última existência. É o que lhes dá o instinto que é inato em todo ser vivo. (Capítulo 2)
"(...) O homem e o animal encarnam para adquirir experiências. Ao desencarnar, ambos levam consigo o resultado do que a carne vivenciou. Para o homem, a experiência é só dele. O animal a transforma em experiência de todo o grupo que compõe sua alma coletiva. À medida que o animal ali deposita essas experiências, vai reunindo os elementos que integrarão a futura consciência individual."(...) o animal continua a existir, mas sua consciência ultrapassa as questões primárias e individuais para integrar-se de todas as vivências compartilhadas por aquele grupo. Ele retém o que viveu individualmente e o que vem das vivências do grupo."(...) Com a transposição de uma alma-grupo para outra, mais avançada, o somatório das experiências adquiridas vai lhes conferindo cada vez mais habilidades, atenuando o mais primitivo dos instintos, que é o de sobrevivência, através do desenvolvimento da socialização, da prudência e da astúcia, dentre outros. Chegando ao mamífero doméstico, o que temos é um animal sociável, cujos instintos são influenciados pelos sentimentos, pelo aprimoramento da inteligência e, sobretudo, pelo contato com o ser humano."(...) Os animais possuem alma coletiva e se individualizam por meio do contato com o ser humano. A partir daí, não retornam mais ao grupo, o que acontece na grande maioria dos casos relacionados aos animais domésticos. Por isso, quem ama ou amou seus bichinhos não precisa ficar preocupado, achando que eles vão sumir e se esquecer de seus donos. O amor, principalmente, os torna únicos, e eles guardarão, na vida espiritual, a lembrança daqueles que tanto os amaram." (Capítulo 6)
Sobre a homeopatia, apesar de apenas abordar o tema por cima, há uma
explicação que atiçou minha curiosidade. Antigamente, pensava que era apenas
o uso de remédios naturais ao invés de drogas químicas da alopatia, mas não,
é além disso:
"(...) A alopatia cura os sintomas da doença, enquanto a homeopatia cura o doente através dos sintomas. A homeopatia vê a doença como resultado de um desequilíbrio interno, tanto mental quanto emocional. Em vista disso, é preciso tratar o paciente em sua integralidade, buscando sua harmonização gradual" (Capítulo 35)
Para encerrar, por mais que eu tenha queimado neurônios, não consegui
entender o título. Eu acho que tem a ver com Moisés e Camélia, mas... não
sei.
Lido em 05/2020
O Melhor Amigo do Meu Inimigo
Mônica de Castro, pelo espírito Leonel
Editora Academia (2017), 384 pgs. (lido em ebook)
ebook disponível no Kindle Unlimited (em 05/2020)
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