Histórias que a Umbanda nos Conta

Causos (reais?) presenciados por entidades que trabalham na Umbanda


Originalmente, o livro correspondia a 10 histórias ditadas ao autor por entidades que trabalham na Umbanda. Em três delas, o protagonismo cabe a um Exu (Sete Encruzilhadas, do Lodo e Tata Caveira); em seis, às entidades Caboclo, Preto-Velho, Cigano, Erê, Marinheiro, Ogum Beira-mar; e, finalizando, há uma rica descrição sobre o processo que leva alguém a se tornar um fanático religioso numa igreja evangélica e sobre os bastidores espirituais nos processos de obsessão e amarração num terreiro que pratica magia negra. Nesta edição revisada, disponível no Kindle Unlimited, há o acréscimo 10 reflexões do autor sobre a atualidade.

A primeira história, narrada pelo Exu Sete Encruzilhadas, é a maior e ocupa quase metade do livro. Foi a que menos gostei. Todas as outras são tão curtas (todas inferiores a 10 páginas) que não dá tempo de se afeiçoar aos personagens, exceto Pablo e Luíza (Capítulo IV, pois eu tenho ligação muito forte com os ciganos); Sr. Tatá Caveira (Capítulo VIII, pois se passa na época da Inquisição); e todos os envolvidos na história sobre obsessão, terreiros voltados à magia negra e à amarração e como o fanático é moldado (Capítulo IX; que é a segunda maior, o que dá espaço para o desenvolvimento dos personagens e das relações entre eles).

Para finalizar, uma citação extraída do conto sobre os ciganos Pablo e Luíza:

"Os espíritos foram levados por socorristas para uma colônia de recuperação, mas alguns entre eles Pablo, não aceitaram esta ajuda. (...)
"Quando Luíza, Krysta e os outros espíritos da tribo já se encontravam refeitos e recuperados, receberam como missão tentar resgatar aqueles que ainda estavam perdidos pelo mundo material, com muito ódio e sentimento de vingança. Luíza e Krysta foram atrás de Pablo, mas nas primeiras vezes que estiveram próximas dele não foram notadas pois ele vibrava em uma frequência muito baixa por causa dos sentimentos negativos que mantinha. (...)
"Pablo continuou a praticar seus atos de vingança, mas já não os fazia com tanta intensidade, algo dentro dele havia mudado. Um dia sentiu-se cansado, saudoso de seus dois amores e chorou. Chorou como uma criança chora ao sentir falta da mãe, lembrou-se de Santa Sara Kali, a santa Cigana, e pela primeira vez, desde o dia em que desencarnou, rezou pedindo ajuda. No mesmo instante Luíza e Krysta apareceram na sua frente. Suas lágrimas caíram com mais intensidade, abraçou-se a elas e sem dizer nada deixou-se levar." (pp. 82/84)

E do conto sobre os processos obsessivos e a magia negra:

"O problema de Luiz é o mesmo de muitos médiuns de Umbanda, não se interessam em estudar, acham que basta ir ao terreiro nos dias de trabalho, fazerem sua parte e pronto, não percebem que os umbandistas têm de estar em constante vigilância, pois devido a sensibilidade que adquirem no desenvolvimento de sua mediunidade, são mais sensíveis do que a maioria para receber influências negativas, que se aproveitam das suas fraquezas para agir." (p. 131)
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Histórias que a Umbanda nos Conta
Marco Boeing
Edição Revisada (2013)
Lido em e-book (161 pgs.)
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