Mediunismo

Comentários sobre O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec


Como o próprio Ramatis esclarece já na primeira pergunta formulada por Hercílio Maes, Mediunismo tratará, sobretudo, de uma obra complementar, com os seus comentários, a O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, "repositório de regras sensatas e advertências salutares".

Sobre a polêmica acerca da faculdade mediúnica estar presente (ou não) nos seres humanos, Ramatis comenta que todas as criaturas são médiuns, uns mais desenvolvidos que outros, mas todos têm o potencial de alcançar conexão com o mundo espiritual.

No entanto, a mediunidade é patrimônio do espírito. Apesar de afetar o corpo físico do médium, sua origem é essencialmente espiritual.

O desenvolvimento mediúnico, por sua vez, deve ser buscado junto a pessoas/entidades mais sensatas e experimentadas para evitar desencantos e decepções e porque os espíritos preferem comunicar-se através de médiuns desenvolvidos através das normas contidas em O Livro dos Médiuns.

Mas não basta desenvolver boas técnicas de mediunidade:
"A tarefa mediúnica não compreende somente a função mecânica de o médium transmitir as comunicações dos espíritos desencarnados para o cenário terrícola, atendendo à prosaica função de 'ponte viva' entre o mundo material e o Além. Ela requer também que os seus medianeiros vivam existência digna e operosa na carne, a fim de lograrem sintonia com espíritos sublimes e responsáveis pela redenção do homem. Toda imprudência, desleixo, rebeldia, má vontade ou paixão viciosa por parte dos médiuns em prova, no mundo físico, geram toda sorte de distúrbios psíquicos e mesmo sofrimentos físicos incontroláveis que, devido a isso, tornam o desenvolvimento mediúnico um processo torturante"
Ou seja, nos médiuns invigilantes, abre-se a possibilidade para processos obsessivos e, neste quesito, há toda uma explicação sobre os tipos de obsessão que podem ocorrer.

Com raras exceções, muitos que têm mediunidade aflorada estão efetivamente em prova, cumprindo  carma por terem sido hábeis manipuladores de massas no passado. Estão bem longe serem os missionários que julgam serem.
"Poucos médiuns reconhecem-se em prova e reparação cármica, pois a maioria considera a obrigação mediúnica como sendo fruto de sua elevada graduação espiritual ou eleição missionária, (...)"
O objetivo principal da mediunidade aflorada é possibilitar a oportunidade de socorrer, instruir e esclarecer os espíritos sofredores, encarnados e desencarnados, acerca da necessidade de reforma íntima para a libertação dos débitos passados. No entanto, a linha entre a ajuda desinteressada e a vaidade exacerbada é muito tênue.
"A vida terrena é escola de educação espiritual, já o repetimos várias vezes. (...) E o espiritismo, inspirado pelo Alto, e de importante influência no século atual, na hora profética dos “tempos chegados”, servirá de ótimo roteiro para a ascensão mais breve da alma imperfeita. Mas os terrícolas, julgando que a doutrina deve paraninfar as mais absurdas rogativas, ao modo de pródiga “agência de informações”, para solver os assuntos mais frívolos, transformam os seus guias em corretores desencarnados, com a obrigação de resolverem-lhes com urgência todos os problemas do mundo de César. Obviamente, enquanto atrofiam o seu discernimento espiritual pela fuga da experimentação física, isolam-se dos espíritos sensatos e responsáveis pelo seu progresso espiritual, submetendo-se cegamente aos guias"
Há um capítulo exclusivo para esmiuçar a relação entre guia e médium. Ele é bem extenso, mas me peguei a esta passagem.
"Desde que a faculdade mediúnica não é banho miraculoso capaz de transformar instantaneamente o seu portador num sábio ou num santo, mas sim uma hipersensibilidade perispiritual prematura nos médiuns em prova, ela deve ser desenvolvida em perfeita concomitância com a recuperação espiritual do seu próprio agente, pois ele é o mais necessitado e também é aquele que pode ser o mais beneficiado.
"(...) o que importa não é a quantidade do tempo que ele precisa despender para o seu desenvolvimento, mas é a qualidade espiritual aprimorada, conseguida durante o exercício ou o comparecimento à sessão mediúnica."
No mais, Ramatis recomenda estudo, estudo e mais estudo, além de disciplina, disciplina e disciplina. Estas eram minhas maiores críticas ao desenvolvimento mediúnico. Por me interessar pelo lado direito do cérebro, era muito arredio à obrigação de ter de estudar, apesar de ser obcecado em adquirir mais e mais conhecimentos. Não via cabimento em estudar algo que eu já sabia, mas que tinha esquecido. Mediunismo me ajudou muito a quebrar este tabu com esta passagem:
"Caridade, em sua essência absoluta, é a emoção estética amorosa da alma angelizada; é sensibilidade espiritual fruto natural do grau evolutivo do ser, que então produz o bem pelo exercício espontâneo do próprio bem, mas absolutamente isento de qualquer interesse pessoal e mesmo da própria ansiedade utilitarista de alcançar o céu.
"(...) a prestação da caridade só é sublime e louvável quando na intimidade da alma já existe a qualidade crística do prazer espontâneo de servir ao próximo."
Ou seja, tudo bem em ser caridoso por interesse, em esperar que, com isso, você consiga "pontos no céu". No entanto, se você continuar a prestar a caridade com afinco, pode ser que surja o desejo espontâneo. A semente do Cristo está dentro de cada um de nós e a Parábola do Semeador (Mateus 13:1-9) prova que ela poderá cair em boa terra boa e dar frutos
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Mediunismo
Hercílio Maes, pelo espírito Ramatis
Instituto Hercílio Maes (1ª Edição, 2020)
Lido em e-book (288 p.)
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