Através do recorte de um período da vida de Zailm, Entre Dois Mundo traz uma rica descrição geográfica, arquitetônica, política, religiosa, econômica e social da Atlântida, por volta de 10.170 a.C., para ativar a parte intuitiva do seu cérebro. Em complemento, A História da Atlântida e da Lemúria Perdida, por sua vez, é voltado para o lado racional e apresenta mapas e números para uma análise etnográfica tanto da Atlântida como da Lemúria.
Frederick Spenser Oliver (1866-1899) era uma criança quando começou a escutar um espírito que se autodenominava Phylos. Após uma visita ao Monte Shasta (EUA), quando tinha apenas 17 anos, este amigo começou a narrar (clariaudiência) e mostrar (clarividência) a história de um habitante da ilha de Poseidônis, o último pedaço de terra do continente que um dia se chamou Atlântida.
Narrado em primeira pessoa, Entre Dois Mundos, publicado originalmente em 1894, traz a história de Zailm, uma espécie de fazendeiro no interior do continente que vai à capital estudar e ascende politicamente até ser adotado como filho por um integrante do Conselho de Príncipes atlante.
A sociedade atlante era governada por um imperador (eleito e que podia ser destituído caso alguém o desafiasse em uma eleição), assessorado pelo Conselho dos Noventa, também conhecido como Conselho de Príncipes, também eleitos, e único caso de cargo vitalício em toda administração pública.
As aventuras de Zailm são bem reduzidas em comparação com o resto do livro, pois o texto focaliza, sobretudo, na descrição das estruturas que moldaram a sociedade atlante na época. Também são descritas as tecnologias presentes no dia-a-dia, como aeronaves e submarinos movidos a antigravidade, trens de alta velocidade, televisão, telefonia sem fio, vídeo-chamada, ar-condicionado, eletricidade, fissão nuclear (lembre-se, o livro foi publicado no final do século XIX). Tudo isto estava disponível aos atlantes, que faziam trocas comerciais com as regiões do Egito e da Índia e possuía colônias nas Américas (no Brasil, principalmente).
A parte esotérica concentra discussões sobre a adoração a Incal (Deus), representado pelo Sol, o Universo, o carma e a reencarnação. É mostrado um importante sacerdote que abraça o lado negro da força, o que eu acredito ter sido o primeiro mago negro.
A história termina com a morte de Zailm e as consequências de suas ações (o que fez foi muito grave aos costumes atlantes, não porque se envolveu com duas mulheres, mas porque mentiu e suas ações levaram ao suicídio de Lolix).
O desencarne de Zailm não foi suave. Movido pela curiosidade e com uma pitada de arrogância, entrou numa caverna a quilômetros da base onde descera (no deserto do Atacama) e, sem qualquer aparelho de comunicação, acabou preso dentro da caverna, onde esperou o fim em companhia do espírito do mago negro que ele ajudou a desmascarar.
Em pesquisas na internet, descubro que Entre Dois Mundos é apenas a primeira das três seções que compõem o livro original, A Dweller on Two Planets. No entanto, há um capítulo final, que se passa séculos após o desencarne Zailm e descreve o momento que todos conhecemos:
"A terra se sacudiu e tremeu de forma assustadora. Os rios transbordaram, ou desapareceram em enormes fendas na terra; montanhas foram sacudidas até virarem colinas."Três dias e três noites de terror. A morte espalhou-se por toda parte, pois as montanhas tombaram sobre as planícies e inundações se espalharam incontidas. Mas o pior estava por vir."Na manhã do quarto dia parecia que toda a chuva do céu se derramava e os trovões não cessavam. Ainda restavam milhares de pessoas, que se juntavam nos lugares altos. De repente, parece que os próprios alicerces do mundo eram tirados, pois num só movimento geral as terras ainda não submersas começaram a afundar. Sem uma pausa na horrenda sensação, tudo afundava - mais, mais e mais - um, dos, três metros!"Então, seguiu-se uma pausa. A chuva que caía em cataratas, as rajadas de vento furioso, o movimento - tudo parou. As pessoas, escondidas nos frágeis abrigos que haviam podido encontrar, começaram a respirar aliviadas - talvez a terrível destruição tivesse finalmente terminado. Mas não!"Um pequeno temor, mal percebido depois de três dias de horror, e então, com um baque, o grande continente da Atlântida mergulhou como uma pedra no oceano! Não três metros, nem mesmo cem - afundou quase dois quilômetros e num único tremendo baque." (pp. 175/176)
Se sua motivação é saber como era a sociedade atlante no começo de sua decadência, visto que havia cidadãos que violavam as leis materiais e espirituais, eu recomendo fortemente este livro. Voltarei a ele algum dia, pois certamente há pontos que eu deixei passar. São páginas e mais páginas com descrições riquíssimas sobre aquela civilização.
Como complemento, A História da Atlântida e da Lemúria Perdida consiste numa pesquisa etnográfica das duas raças pelo teosofista William Scott-Elliot (1849-1919), contemporâneo de Helena P. Blavatsky, a partir de informações coletadas via clarividência pelo também teosofista Charles Webster Leadbeater. Publicados separadamente, The Story of Atlantis (1896) e The Lost Lemuria (1904) foram combinados num único livro, The Story of Atlantis and the Lost Lemuria (1925).
Uma pesquisa etnográfica corresponde a uma metodologia das Ciências Sociais que tem como objeto o estudo da cultura e do comportamento de alguns grupos sociais.
Os mapas que você encontra na internet sobre as localizações dos dois continentes perdidos foram retirados daqui. Há vários mapas, pois os dois continentes foram afundando aos poucos.
Os dados expostos corroboram em boa parte com o que foi descrito em Entre Dois Mundos com extrapolações e aprofundamentos em vários temas (são discriminadas as raças e sub-raças, com os locais e as épocas nas quais surgiram, se desenvolveram e desapareceram)
Recomendo ler A História da Atlântida e da Lemúria Perdida aos poucos, pois é muita informação em tão pouco espaço. O foco inicial é sobre a 4ª raça (atlante) e, depois, a 3ª (lemuriana).
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Entre Dois Mundos
Frederick S. Olivier
A História da Atlântida e da Lemúria Perdida
W. Scott-Elliot
Editora do Conhecimento (2006)
278pgs.
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