Através de perguntas e respostas, Ramatis nos ensina como são formadas e o
motivo pelo qual as doenças manifestam-se no corpo físico. Paralelamente, há
esclarecimentos sobre a alimentação carnívora, vícios (bebida, fumo), carma,
medicina homeopática (e sua comparação com a alopática) e, para finalizar, um
grande tratado sobre as manifestações cancerígenas.
Publicado originalmente em 1959, Fisiologia da Alma é o 5º livro
psicografado por Hercílio Maes a partir de conceitos ditados por
Ramatis, nome recebido, no Século X, por um espírito que encarna na
Terra desde a época da Atlântida (quando conheceu aquele que teria a alcunha
de Allan Kardec) e, ao longo de suas encarnações, entrou em contato com várias
personalidades registradas em nossos livros de história.
Hercílio Maes (1913-1993), advogado e contador, foi o primeiro médium
a psicografar obras ditadas por Ramatis. Entre 1955 e 1974, foram publicadas
13 obras desta parceria. Universalista e estudioso das mais diversas
correntes espiritualistas, foi maçon, rosacruz e teosofista. Através da
Radiestesia, assistia centenas de enfermos por semana em um pequeno centro
espírita de Curitiba, onde só aceitava pacientes desenganados da medicina.
Ramatis é muito criticado no meio espírita, pois suas obras não têm a devida comprovação científica. No entanto, novamente, na introdução, Hercílio Maes explicita que a obra
não tem como objetivo provocar discussões técnicas ou defender teses, "é apenas uma tentativa despretensiosa no sentido de auxiliar o leitor a
despertar mais um pouco da 'grande ilusão' proporcionada pelos vícios e
paixões da vida física".
Neste sentido, é muito bem sucedido (no meu caso). Em resumo, as doenças
manifestam-se no corpo físico por duas razões: uma, em decorrência de vidas
passadas (e, neste caso, entre a Lei do Carma) e a outra, de desequilíbrios
nos outros corpos mais sutis do ser humano (principalmente o astral e o
mental). Consequentemente, para eliminar a doença, deve-se atacar a causa,
ou seja, deve-se mudar a maneira de agir e sentir (e se vier de vidas
passadas, suportar o resultado de seus atos).
Os três primeiros capítulos são dedicados a esmiuçar os efeitos em nossos
corpos de substâncias não muito boas: carnes, fumo e álcool.
A ingestão cadavérica (palavras de Ramatis) faz com que
adquiramos uma infecção magnética espiritual que vem com a carne a partir
dos matadouros (não, não mudou muito desde a época de publicação do livro; o
abate de animais nunca será humanizados e livre de sofrimento
para os animais).
No entanto, Ramatis tem consciência que não se muda toda uma cultura secular
de ingestão de vísceras cadavéricas (palavras dele) e dá a dica:
"Não vos aconselhamos a desistência violenta do uso da carne, se ainda não sois dotados de vontade poderosa que vos permita a mudança radical de regime; podeis eliminar, primeiramente, o uso da carne dos animais, em seguida a das aves, e depois vos manterdes com a alimentação de peixe e congêneres, até que naturalmente o vosso organismo se adapte à alimentação exclusiva de vegetais e frutas. É preciso, entretanto, que governeis a vossa mente, para que ela se possa modificar pouco a pouco, e vá abandonando o desejo de uma nutrição que é vilmente estigmatizada com a morte do animal. Se assim procederdes, em breve o desejo mórbido de ingerirdes vísceras cadavéricas poderá ser substituído pelo salutar desejo da alimentação vegetariana, em que trocareis as vitualhas sangrentas pelos frutos suculentos e sadios." (p. 43)
Em seguida, são tratados os vícios do alcoolismo e do fumo que atingem
sobretudo a mente, além de abrir brechas parar obsessores e vampiros
energéticos. Em relação ao fumo:
"O fumante inveterado é um infeliz escravo que abdica de sua vontade própria, cedendo o seu comando instintivo a um cérebro implacável e exigente, como o é o tabaco.(...) o fumante inveterado já não fuma; ele é estupidamente fumado; já não comanda a sua vontade, mas é comandado servilmente pelo tabaco." (p. 78)
No caso do álcool, não é muito diferente. Há um ataque implacável à mente e
ao livre-arbítrio daquele que sucumbe.
"O alcoólatra, seja o que se embriaga com o uísque caríssimo ou o que se entrega à cachaça pobre, não passa de um “caneco vivo”, pelo qual muitos espíritos desencarnados e viciados se esforçam para beber 'etericamente' e aliviar a sua sede ardente de álcool. Muitas vezes o homem se rebela contra as vicissitudes da vida humana e por isso entrega-se à embriaguez constante, mas não sabe que as entidades astutas, das sombras, o seguem incessantemente, alimentando a esperança de torná-lo o seu recipiente vivo ou o seu tentáculo absorvente no mundo carnal." (p. 107)
Mas há escapatória. tudo se resume a mudar o modo de pensar para que o homem
se torne o senhor das suas escolhas.
"Se o homem abandonar o fumo, a carne ou o álcool, mas continuar mentalmente a fumar, a comer carne e a ingerir álcool, pouco importa que esteja fugindo do objeto do vício, pois é certo que ainda não é dono de sua vontade. É na mente do homem que, antes de tudo, deve ser empreendida uma campanha sadia contra o vício" (p. 99)
Em seguida, temos uma discussão sobre a homeopatia "(...)
a que melhor pode conservar a saúde humana porque, além de curar as mais
renitentes enfermidades, ainda imuniza o organismo contra futuras
consequências, evitando, mesmo, determinadas intervenções cirúrgicas." (p. 153). É nomeado um dos seus precursores, Samuel Hahnemann e
esclarecido que o bom homopata "além de sua tarefa de cientista, psicólogo e bom 'ledor de almas', há que
ser também eficiente filósofo das leis da vida e do espírito
sobrevivente" (p. 158)
Para encerrar o tema e fazer um grande resumão, pois a parte dedicada à
homeopatia é considerável (7 capítulos) e riquíssima em detalhes: "A principal preocupação do médico alopata é, por isso, a de diagnosticar
a 'doença', a fim de fazer desaparecer os seus sintomas mórbidos, ao passo
que a do homeopata é a de descobrir a origem da doença." (p. 173)
Posteriormente, Ramatis trata do Carma como causador das doenças, de como
muitas delas, sobretudo o câncer, pode ter causa espiritual. Veja bem, talvez o câncer tenha
causa em vidas passadas, mas ele pode muito bem surgir por maltratos ao corpo
físico (fumo e álcool, por exemplo, são as principais causas de câncer no
pulmão e no fígado).
Colocarei apenas uma citação sobre o tema que é, igualmente, ricamente
detalhado (outros 7 capítulos).
"(...) a Lei do Carma não pune, mas reajusta. Malgrado ela vos pareça uma lei draconiana ou processo corretivo severo demais, em que a causa equívoca mais diminuta também gera um efeito milimetricamente responsável, tudo isto se sucede sempre objetivando a felicidade do espírito e o mais breve desenvolvimento de sua consciência angélica. O Carma é a lei benfeitora que indica o caminho certo ao viajante despreocupado ou teimoso, corrigindo-lhe os passos titubeantes e os desvios perigosos, a fim de ajustá-lo mais depressa à sua ventura imortal." (p. 211)
A imensa maioria das pessoas que acreditam em Carma, acha que ele se
trata de algo ruim e inflexível, bem ao estilo "olho por olho". Não é bem
assim, a Lei do Carma age para corrigir os rumos daqueles que desviam dos
caminhos previamente traçados. A dor só existirá se a pessoa criar
resistência ao resultado de más escolhas do passado.
Para finalizar, Ramatis entra pesado na mecânica do câncer. Reconheço que não
tenho capacidade para compreender esta parte. Do pouco que pude absorver,
acho que nem todo câncer é espiritual, mas, em boa parte das
pessoas que o manifestam, eles surgem para expurgar mais rápido algo que está
em desequilíbrio nos demais corpos. Grosso mudo, seria algo do tipo: ao invés
de sofrer uma ação, vai desenvolver câncer para que o efeito seja bem mais
rápido e profundo (ou algo do tipo; como escrevi, não entendi direito essa
parte).
Em conclusão, mais um livro com riquíssimo conteúdo transmitido por Ramatis
(são 373 páginas!) numa leitura complexa, truncada, em português não
coloquial, que não deve ser feita de qualquer forma, mas se você quiser
estudar a fundo a respeito da manifestação das doenças no corpo, é um ótimo
ponto de partida.
"(...) nossa mensagem se endereça a toda criatura viva, principalmente aos enfermos e cancerosos, fazendo-os ver a necessidade urgente de compreenderem que a saúde verdadeira é patrimônio indiscutível do espírito equilibrado.. Há 2500 anos, os gregos já esposavam o conceito de que “alma sã em corpo são” era a solução ideal para a felicidade da vida humana, porquanto na alma se encontra realmente a origem da saúde e da enfermidade. Sem desmerecermos o valioso e abençoado esforço médico, frisamos, no entanto, que o êxito completo da saúde humana há de ser concretizado quando o médico, além de prescrever os medicamentos da farmacologia terrena, preceituar o cumprimento integral dos postulados do Cristo!" (p. 370)
__________
Fisiologia da Alma
Ramatis, psicografado por Hercílio Maes
Inst.Hercilio Maes (1ª Edição, 2020)
373 pgs. (lido em ebook)
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