Conversando com Pai Velho é formado por partes dois livros anteriores de autoria de Norberto Peitoto, Aos Pés do Preto Velho, no sistema de perguntas e respostas, e Umbanda de A a Z, com verbetes sobre a ritualística umbandista.
Norberto Peixoto é zelador do Grupo de Umbanda Triângulo da Fraternidade, maçom e teosofista. Juntamente com Hercilio Maes (1950/70) e Marcio Gondino (2000) está entre os principais médiuns que psicografaram Ramatís. Desta parceria, já foram publicados 12 livros, todos ligados à Umbanda, nas décadas de 2000 e 2010.
Em Conversando com Preto-Velho, Ramatís é coadjuvante. A primeira parte é praticamente toda ditada por Pai Tomé, ao estilo de perguntas e respostas, sobre temas, aparentemente, desconexos. Ramatis dá apenas alguns pitacos aqui e ali.
Inicialmente, Pai Tomé responde sobre a intolerância religiosa, tão comum na crosta terrestre e faz o contraponto com o que é religião no astral, onde seguem os ensinamentos de Cristo. Diferente do que o senso comum pode concluir, ensina que a intolerância religiosa é um fenômeno necessário, pois certos "espíritos rebeldes" precisam ser contidos sob o fascínio de um líder religioso sectário e nós precisamos aprender a amar aqueles que pensam e agem diferentemente de nós.
"Ao mesmo tempo em que as diferentes religiões aprisionam os homens em sistemas de fascinação, o que é interessante para as organizações trevosas, uma vez que se fortalece a dominação coletiva e obstaculiza-se a unificação de consciências em torno dos ensinamentos de Cristo, por outro lado, ainda é necessário que experimentem as diferenças nas diversas religiões para exercitarem o amor incondicional, pois a diversidade é um aspecto do Criador que está impregnado no Cosmo. É muito fácil amarem seus semelhantes ou imporem igualdade aos que divergem de vocês". (p. 23)
Indica que há extraterrestres não benevolentes entre nós, encarnados (ele lembra que somos todos exilados de outros orbes), e nas zonas umbralinas, onde revela haver igrejas nos mesmos moldes das neopentencostais.
Depois, há toda uma discussão sobre mediunidade, onde Pai Tomé afirma não acreditar que seja uma punição e discorre sobre a glândula pineal, o elo de ligação entre os planos material e astral, com destaque nos fenômenos orgânicos que ocorrem no corpo dos médiuns.
Longe de considerar os médiuns "seres sofredores", reconhece que a mediunidade é um dever compulsório, inicialmente, um fardo, que pode vir a se tornar um querer e viver espontâneo. Sobre os guias, afirma que se tratam de espíritos que passaram pela superação do ego e renasceram com um novo "Eu Espiritual", que emana amor e deseja sempre servir ao próximo incondicionalmente.
Para finalizar esta primeira parte, são discutidas as transformações pelas quais a Terra e nós passaremos na atual transição planetária, que levará ao aparecimento de naves espaciais e ao processo de limpeza dos umbrais. Deixo, a seguir, dois destaques sobre o que virá:
"Está a humanidade pronta para as mudanças que virão?"Infelizmente não, meus filhos. Basta olharem nos shoppings centers as disputas por vaga de estacionamento e observarem que quanto mais tecnologia vocês têm, menor é sua qualidade de vida psíquica". (p. 70)
"Muitos preconizam o fim do mundo como evento cataclísmico ao qual sobreviverá menos de meio milhão de almas nos corpos físicos. Outros reforçam que os irmãos intergalácticos vão interceder para criar uma civilização. Diante disso, reflitamos: será realmente o fim do mundo concreto, material, que estamos principiando? Não, meus filhos! Ocorrerá a mudança do planeta Terra de mundo de expiações e provas para o de regeneração, onde haverá predominância do amor e da fraternidade em maior escala. Jesus não Se referiu ao fim físico do planeta, mas, sim, ao término de um ciclo da consciência coletiva." (p. 76)
A segunda parte é tipo um dicionário umbandista, com definições de Ramatis sobre diversos assuntos, de A (Agente de limpeza astral nas zonas umbralinas, também conhecido como "Exu") a Z (Zelar pelo assento vibratório dos Orixás). Não há muito sobre o quê discorrer, apenas indicar a leitura como apoio caso haja alguma dúvida.
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Conversando com Pai Velho
Norberto Peixoto, por Ramatís e Pai Tomé
Editora Triângulo (1ª Edição, 2020)
235p. (lido em e-book)
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