Na Cortina do Tempo

A sobrevivência do Saber


Segunda parte da trilogia História Espiritual da Humanidade, que tem a pretensão de jogar luz sobre a evolução espiritual da Terra a partir de um aspecto que não é encontrada nos livros didáticos, Na Cortina do Tempo, publicado originalmente em 1962, está situado, temporalmente, dentro do primeiro ciclo de Os Exilados de Capela (resenha, aqui).

Edgard Armond (1894­-1982) foi secretário-geral da Federação Espírita do Estado de São Paulo e esclarece que o presente livro não se aterá em aspectos gerais do continente atlante. Ele focará apenas em um grupo de sacerdotes que conseguiu escapar do dilúvio e transplantou o conhecimento espiritual atlante para local hoje conhecido como Península do Peloponeso, próximo ao Monte das Abelhas, na Grécia.

Esquematicamente, trata-se da transcrição de uma aula ocorrida no astral, transmitida ao plano material via mediunidade telepática, sem qualquer pretensão doutrinária. Dito em outra palavras, acredita quem quer. Se não quiser, serve como romance.

Inicialmente, tem-se a descrição da reunião, ocorrida na cidade espiritual de Céu Azul, onde o transmissor do conhecimento encontra-se com amigos encarnados (em desdobramento) e desencarnados numa espécie de baile. Na verdade, nem sei se o local era assim, mas foi assim que veio à minha mente: um grande salão do século XIX com candelabros enormes rodeado de janelas e as pessoas vestidas como se estivessem na década de 1950.

Não entrarei em muitos detalhes sobre o conteúdo do livro, pois ele é tão pequeno e os assuntos são tão interessantes que periga deixar algo importante de fora. Destaco apenas o período no qual ele se situa:
"Nos últimos tempos da Grande Atlântida, degenerara de tal forma a utilização dos conhecimentos espirituais, que a crença em um Deus Único ficou obscurecida pelas práticas da magia negra, pelo culto dos deuses mitológicos e pelos interesses de ordem puramente material. (...)
"Os ódios se multiplicavam, como as ambições mais desvairadas, pelo uso imoderado dos poderes das trevas. Disputas intermináveis entre famílias e tribos, assassinatos e vinganças pessoais ocorriam por toda parte.
"E por fim os povos das diversas províncias passaram a aniquilar-se em guerras de extermínio, por influência desses poderes terríveis e aniquiladores que visavam, como sempre, desviar os homens dos caminhos retos da evolução espiritual.
"Os sacerdotes do Deus Supremo (...) Desprezando as advertências do Plano Espiritual, lançaram-se também à prática de atos condenáveis, que abriram caminho à conquista dos templos pelas forças das trevas.
"E quando, enfim, crescendo o perigo, quiseram voltar atrás, já não o puderam fazer, verificando, ao mesmo tempo, que sua influência sobre o povo havia desaparecido". (Capítulo 6)
Já tinham ocorrido alguns afundamentos (Atlântida não foi submersa de uma única vez, porém, a Ilha de Poseidônis era a última parte acima do mar). Como em vários outros livros que eu já resenhei (procure no marcador "Atlântida") e explicitado, acima, em seus últimos dias, a mítica sociedade atlante não era muito diferente da sociedade atual.

Os capelinos exilados estavam encarnados naquela época e apenas um pequeno grupo, de um mosteiro que ainda preservava a tradição ancestral de culto ao deus Sol, foi avisado do que ocorreria:
"Levantai vossas frontes, meus filhos e anotai as últimas ordens do Senhor da Luz: no terceiro giro do astro sagrado, quando a noite cair e a luz remontar o horizonte, vinda do mar, completai a carga de vossos barcos, em número de sete; embarcai alimentos para um tempo de quarenta sóis (...)
"Ao todo sereis duzentos homens e no barco piloto (...) levareis os manuscritos já separados neste mosteiro por ordem nossa e que resumem a doutrina religiosa que o Senhor determinou fosse cultuada por vossos antepassados e que ultimamente vem sendo desprezada. (...)
"Outros como nós escaparão das calamidades que vão surgir, mas a vós cabe preservar o patrimônio espiritual, recebido e cultuado por vossos ancestrais; a herança do Senhor a ser transmitida a outros povos, outros homens e outras raças, em outros lugares do vasto mundo". (Capítulo 7)
Os atlantes tinham colônias em várias partes do mundo, na América Central (que deu origem, entre outros, aos povos toltecas, astecas e maias), Brasil (sim! e se chamava Baratzil (resenha, aqui), África (inicialmente, no Egito, mas que migraram para outras partes do continente), Índia e Grécia.

Diferentemente do livro anterior do autor, Na Cortina do Tempo trabalha com o lado direito do cérebro, o intuitivo. Conta uma bela história. Extremamente bela história, sobre como muito do que temos de saber espiritual hoje se deve a estes 200 sobreviventes. Dá até para fazer a ligação entre a Atlântida que cultuava um único Deus, o Sol, à palestina de 2.000 anos atrás, preparada para receber um ser extraordinário pregando, igualmente, o amor a um único Deus.
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Na Cortina do Tempo
Edgard Armond
Editora Aliança (4ª Edição, 2009)
96p. (lido em e-book)
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