O Despertar Autêntico

Tem certeza que você despertou? Certeza absoluta? Mesmo?


Entrei em contato com este livro através das recomendações do kindle. Estava tão interessado pelo subtítulo - Como lidar com o fim do seu mundo - que, no meio da leitura, comecei a questionar se em algum momento, chegaríamos a ele. Enfim, para encurtar a história, apenas no 12º, dos 13 capítulos, o autor entra em profundidade no "despertei, e agora?" O último é uma entrevista com o autor que não acrescenta muito ao que já foi exposto ao longo do livro.

Adyashanti é escritor e professor espiritual nos EUA. Entrei tão às cegas na leitura que jurava que ele era brasileiro. Aos 25 anos, começou a experimentar uma série de transformações espirituais (são descritas no livro) e foi convidado a ensinar sobre o processo de iluminação através de palestras e livros.

O Despertar Autêntico é, assim, a compilação de uma série de palestras sobre... o despertar! Basicamente, ele dá exemplos do dia a dia para termos certeza se realmente despertamos ou se é só mais uma ilusão do ego para que o deixemos em paz e no controle. Até o 10º capítulo, ele te envolve através da razão, o que gerou uma nota -- como suplantar o ego pela razão?.

No 11º, ele deixa bem claro que não dará a receita do bolo, não dirá até onde chegar para o despertar, o que é lógico, pois qualquer coisa que indique se tornará um objetivo da mente e o ego fará de tudo para que você o "alcance" o mais rápido do possível para deixar de importuná-lo.

Portanto, a razão tem sua finalidade: autoconhecimento. Somente através da comparação antes/depois você é capaz de chegar a algum lugar. A questão toda é não se preocupar com o objetivo final. Ele vai acontecer se tiver que acontecer. Apenas, vá!

No 12º, ele finalmente dá a chave: "Como disse Jesus, precisamos estar 'no mundo sem ser do mundo', o que significa estar no mundo sem ser aprisionado pelo mundo." (grifo meu)

A cena do casamento é perfeita neste sentido e eu realmente compreendo o que ele quer dizer, apesar de sentir que estou longe do despertar que ele deixa nas entrelinhas.
"Sempre achei que os casamentos fossem fotos instantâneas da humanidade. Vi os noivos, e eles estavam tendo um momento maravilhoso. Vi as crianças correndo e brincando. Vi os pais ansiosos, tentando controlar seus filhos. Vi as pessoas bem idosas. Vi uma síntese de toda a condição humana. Naquele momento, subitamente compreendi que eu jamais veria a vida como a maioria dos seres humanos a vê. Foi como se naquele instante eu sentisse que alguma coisa dentro de mim estivesse deixando completamente a condição humana. Ver as coisas a partir de uma perspectiva convencional tinha acabado para mim; terminara. Esse entendimento foi acompanhado de certa nostalgia". (Capítulo 12)
Adyashanti, como vários outros autores que apareceram na minha caminhada, garante que o despertar não trará a perfeição, você não se tornará um ser abnegado. Não sairá perdoando e ficando imune a tudo. É descobrir que sempre estivemos onde deveríamos estar, sempre fizemos o que tínhamos que fazer. Sempre estivemos no reino do céus, só não conseguíamos compreender. O ego não deixava. Ele sempre pedia movimentos extraordinários, mas, ao despertar, você descobre que o extraordinário é extremamente comum, banal. E você ama. Você passa a amar caminhar pela mesma rua que você caminha todos os dias com pressa, preocupado, pensando em outras coisas e não para para ver a árvore frondosa do outro lado da rua.

Você percebe que despertou quando, na mesma festa de casamento do exemplo anterior, 
"Mesmo que eu quisesse retornar e ver as coisas como costumava vê-las, não poderia fazê-lo. De alguma forma uma ponte fora cruzada e, ao cruzá-la, fora queimada. Houve somente aquele momento de hesitação, aquele momento de nostalgia, e fechei os olhos e me permiti sentir aquilo. Quando os abri, a nostalgia tinha passado". (Capítulo 12)
Você sente falta da época que você era "um entre todos", mas passa. Você se lembra de como você é único entre todos. Você não é a sua profissão, você não é o seu nome. Você passa a supervalorizar a diversidade. Tem seus momentos de explosão, de raiva, de ranço etc. Mas eles passam.

Tudo é impermanente, já dizia o Buda.

Uma dica final: leio o livro sem objetivo. Tome notas, ou marque algumas passagens em seu kindle (ele está disponível no kindle unlimited). Quando chegar ao final, volte. Nunca escrevo resenhas logo depois da leitura. Meu primeiro impulso era quebrar esta regra e desancar este livro. No entanto, um mês depois, como amei essa leitura. Como estava equivocado à medida que o lia. Agora, parece outro livro!
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O Despertar Autêntico
Como lidar com o fim do seu mundo:
uma conversa direta e sem censura
sobre a natureza da iluminação
Adyashanti
Editora Merope (2018)
224p. (lido em e-book)
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